Belo Horizonte está convidando as pessoas para fazer uma pausa quando caminham pela cidade.
No corre-corre da estação do metrô, tem gente que nem repara. Para mineiro desconfiado. Os pianos estão à disposição para quem quiser tocar.
“Eu estou me sentindo uma pianista. É muito gostoso, diferente”, diz a técnica em química Ângela Maria Ferreira.
O projeto é ideia de um artista do Reino Unido, que desde 2008 já levou cerca de 2 mil pianos para as ruas de 70 cidades do mundo e, agora, chega a BH. Antes, os pianos foram transformados em obras de arte por pintores mineiros.
Eles foram espalhados em vários cantos da cidade: seis lugares simbólicos, como na Lagoa da Pampulha, por onde muita gente passa. E não é o enfeite, é convite. É uma forma de fazer essa arte chegar aos ouvidos do maior número possível de pessoas.
“Nem todo mundo tem acesso a esse instrumento. A ideia é descentralizar, popularizar um instrumento que é tão bonito e poucas pessoas conhecem”, explica Filipe Guimarães, presidente do Espaço de Cultura e Arte.
Na rodoviária, enquanto o ônibus não vem, a música vira companhia.
“Achei que era alguma coisa que tinha que pagar, mas aí eu vi que era de graça. Melhor ainda”, diz a sinaleira Deusilene Nascimento.
Na Praça da Liberdade, cartão postal da cidade, os acordes ganharam até acompanhamento de canto lírico.
“Eu vi o piano, falei: ‘Gente’. Aí começamos, vamos tocar aquela, canta aquela, canta aquela outra. De repente, eu estava aqui com a plateia batendo palma. Olha que coisa boa”, conta o cantor lírico Pedro Vianna.
Alguns pianistas são convidados para fazer pequenas apresentações sem hora marcada.
“Acho que é o poder de conectar mesmo, de você parar o momento e sentir às vezes o que você não estava lembrando ou resgatar algumas emoções que estão por aí perdidas no meio do caminho”, diz a pianista Ludmilla Cunha.
A melodia guiou Izabela até o piano às margens da lagoa da Pampulha, e um dia comum virou memória.
“É incrível! Eu não sei, só tentei. Mas achei muito legal, ainda mais com essa vista assim. É muito gostoso”, vibra ela.
Fonte: Jornal Nacional